
Funcionamento de um desfibrilador um guia explicativo
O que deve reter
- Um desfibrilhador é um dispositivo médico crucial que administra um choque elétrico para restaurar o ritmo cardíaco normal.
- Existem dois tipos principais: os DAEs (Desfibrilhadores Automáticos Externos), projetados para uso por não profissionais, e os desfibrilhadores manuais, usados por equipas médicas.
- O uso correto de um DAE segue passos simples: ligar o aparelho, colocar as pás no peito do paciente, e seguir as instruções de voz do dispositivo.
- A rápida atuação com um desfibrilhador em casos de paragem cardiorrespiratória aumenta significativamente as chances de sobrevivência.
- O treino em suporte básico de vida (SBV) e o conhecimento sobre o DAE são fundamentais para salvar vidas em situações de emergência.
O que é um desfibrilhador e para que serve
Um desfibrilhador é um dispositivo médico que desempenha um papel vital no tratamento de paragens cardiorrespiratórias causadas por arritmias perigosas, como a fibrilhação ventricular e a taquicardia ventricular.
Estas condições impedem que o coração bombeie o sangue de forma eficaz para o resto do corpo, levando à perda de consciência e, se não tratada, à morte. A função do desfibrilhador é simples e poderosa: administrar um choque elétrico controlado através do tórax do paciente para "reiniciar" o coração e restaurar o seu ritmo elétrico normal.
A intervenção rápida é a chave. Para cada minuto que passa sem desfibrilhação, as chances de sobrevivência de uma vítima de paragem cardíaca diminuem em cerca de 7 a 10%. É por isso que a presença de desfibrilhadores em locais públicos, como aeroportos, centros comerciais, escolas e ginásios, é tão importante. O dispositivo permite que qualquer pessoa, mesmo sem formação médica, possa atuar de imediato até que a ajuda profissional chegue.
Os dois tipos principais de desfibrilhadores
Embora todos os desfibrilhadores tenham o mesmo propósito, eles são classificados em diferentes tipos, dependendo do seu uso e do nível de formação do utilizador.
Desfibrilhadores Automáticos Externos (DAE)
Os DAEs são os mais comuns e foram concebidos especificamente para serem utilizados por leigos. A sua principal característica é a sua simplicidade de operação. O dispositivo analisa automaticamente o ritmo cardíaco do paciente através de pás adesivas e determina se é necessário um choque. O DAE dá instruções claras e audíveis sobre cada passo, tornando o processo seguro e intuitivo. Este tipo de desfibrilhador é a peça central do que se designa por acesso público à desfibrilhação.
- Fácil de usar: As instruções de voz e os pictogramas guiam o utilizador passo a passo.
- Segurança: O DAE só administra um choque se detetar uma arritmia que o justifique.
- Portátil: São leves e fáceis de transportar, ideais para emergências fora de um ambiente hospitalar.
- Manutenção mínima: A maioria dos modelos realiza autotestes e emite alertas quando as baterias ou as pás precisam ser substituídas.
Desfibrilhadores Manuais
Estes dispositivos são utilizados exclusivamente por profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e socorristas . Ao contrário do DAE, o utilizador de um desfibrilhador manual é quem decide se um choque é necessário, com base na análise do traçado eletrocardiográfico (ECG) do paciente. Este tipo de desfibrilhador oferece maior controlo e é crucial em ambientes hospitalares onde é possível monitorizar o paciente de forma contínua e precisa.
- Controlo total: O profissional pode ajustar a energia do choque e escolher o momento exato da descarga.
- Diagnóstico: Permitem a visualização do ECG, ajudando a identificar o tipo de arritmia.
- Uso profissional: Exigem um conhecimento aprofundado em cardiologia e ressuscitação.
Tabela comparativa: DAE vs. Desfibrilhador Manual
Característica | DAE (Automático Externo) | Desfibrilhador Manual |
Utilizador | Leigos e profissionais de saúde | Profissionais de saúde (médicos, enfermeiros) |
Decisão do choque | Automática, baseada na análise do dispositivo | Manual, baseada na interpretação do ECG pelo profissional |
Nível de formação | Não é obrigatório, mas é recomendado (curso de SBV) | Formação avançada em cardiologia e ressuscitação |
Local de uso | Locais públicos, ambulâncias, consultórios | Hospitais, clínicas, unidades de cuidados intensivos |
Funcionalidades | Análise automática, instruções de voz, choques fixos | Monitorização do ECG, ajuste de energia, choques manuais |
Custo | Geralmente mais acessível para empresas e instituições | Mais caro e complexo |
Uso do desfibrilhador passo a passo (DAE)
O uso de um DAE pode parecer intimidante, mas o processo é surpreendentemente simples e intuitivo. O mais importante é manter a calma e seguir as instruções. Lembre-se, o tempo é precioso.
- Verifique a segurança do local e a vítima: Certifique-se de que não há perigos (água, eletricidade, etc.) e verifique se a pessoa está inconsciente e não respira normalmente.
- Chame por ajuda: Peça a alguém para ligar para os serviços de emergência (112 em Portugal) e para trazer o DAE. Se estiver sozinho, ligue para o 112 em alta voz enquanto começa a atuar.
- Ligue o DAE: Abra a tampa do dispositivo ou pressione o botão de ligar. O aparelho começará a dar instruções de voz.
- Prepare a vítima: Despeça o peito da vítima. Se houver pelos, raspe-os. Se o peito estiver molhado, seque-o rapidamente.
- Coloque as pás: As pás vêm com diagramas que mostram a sua colocação exata no peito. Siga as imagens para colar as pás em pele seca e limpa. A maioria dos DAEs tem um diagrama para adultos e outro para crianças.
- Análise do ritmo cardíaco: O DAE irá instruir para que ninguém toque na vítima. O dispositivo irá analisar o ritmo cardíaco para determinar se é necessário um choque.
- Administre o choque (se indicado): Se o DAE disser "Choque aconselhado", afaste-se da vítima e pressione o botão de choque, que geralmente pisca. O dispositivo avisará quando o choque for administrado. Se o DAE disser "Choque não aconselhado", não pressione o botão e continue com as compressões torácicas.
- Continue a reanimação: Independentemente de ter sido administrado um choque, o DAE irá instruí-lo a continuar com as compressões torácicas e as ventilações (reanimação cardiopulmonar - RCP). Continue a seguir as instruções do dispositivo até a chegada da equipa de emergência.
Importância do treino e da manutenção
Embora os DAEs sejam projetados para serem simples de usar, um treino em Suporte Básico de Vida (SBV) e em Desfibrilhação Automática Externa pode fazer toda a diferença. Cursos de formação ensinam não só a usar o DAE, mas também a reconhecer os sinais de uma paragem cardíaca, a realizar compressões torácicas eficazes e a coordenar a ajuda. Saber exatamente o que fazer em segundos críticos aumenta a confiança e a eficácia.
A manutenção dos DAEs é igualmente crucial. Os proprietários devem garantir que as baterias estão carregadas e dentro do prazo de validade, e que as pás estão prontas a usar. A maioria dos DAEs modernos realiza autotestes diários ou semanais para verificar o estado dos seus componentes, e emite alertas visuais ou sonoros em caso de problema.
Acessibilidade e legislação em Portugal
Em Portugal, a lei n.º 9/2009 e os subsequentes diplomas regulamentares estabelecem a obrigatoriedade de instalação de DAEs em locais de grande concentração de público, como aeroportos, estações de comboios, grandes superfícies comerciais e recintos desportivos. Esta legislação visa tornar a desfibrilhação acessível e aumentar a taxa de sobrevivência em casos de paragem cardíaca fora do ambiente hospitalar.
Além disso, o uso dos DAEs é permitido e protegido por lei, o que significa que qualquer cidadão que atue de boa-fé para salvar uma vida não será responsabilizado por eventuais consequências. Este enquadramento legal incentiva a intervenção por parte do público e reforça a importância da formação e da disponibilização destes equipamentos.
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